Saturday, October 01, 2016

Sobre a A L H I E N A Ç Ã O.

É isso mesmo. Você não leu errado. Acrescentei um H ao termo para com esse neologismo expressar algumas ideias sobre a atual conjuntura.

Por que ALHIENAÇÃO?

Ato ou conduta de se comportar conforme uma hiena.

Faço uma associação a uma das mais interessantes criaturas do reino animal. A HIENA. Realizando uma pesquisa superficial sobre esse animal, nota-se como é potencial a metáfora entre esse ser e alguns de nós, humanos.

Em geral, a Hiena traz consigo um arsenal de recursos biológicos que a torna uma criatura temível no reino animal: musculatura forte, uma mordida destruidora de ossos, caçadora em grupo, aparência assustadora, bem como seu grito. porém, apesar de tudo isso, esse animal predominantemente se alimenta de restos deixados por outros predadores. Carniça é o seu prato principal.

Não vou ofender aqui esses animais. Irei apenas tomar algumas de suas características para "metaforizar" com alguns de nossos colegas "homo sapiens sapiens" (O "homem que sabe que sabe" - será?).



Infelizmente passamos por um processo histórico-político ímpar na na sociedade brasileira. Diante de tantos retrocessos pré e pós Impeachment, me assusta o número de pessoas imbecilizadas diante do mal que já se faz presente e que ainda virá com mais força. Medias Provisórias, Projetos de Lei, arbitrariedades e outros tipos de aberrações estão destruindo Democracia e de certa maneira tambéma sociedade como um todo. diante desses "pacotes de maldades" (para mim pouco importa sua origem, se foi no Governo Dilma ou Temer), a reação deveria ser, a priori, de questionamento e resistência diante de tais fatos. Felizmente existem aqueles que ainda resistem e lutam por um mundo melhor, mesmo que isso beneficie até mesmo aqueles que lhes são contrários. Contudo, devemos estar atentos às "hienas" que nos cercam.

Me impressiona o volume de pessoas que se deliciam com a crise. Se fossem os envolvidos que se beneficiassem dela, não me surpreenderia, mas são muitas pessoas que também sofrem os danos causados por esse momento e que simplesmente riem. Estão vivendo de restos, são explorados e destituídos, e simplesmente soltam seus risos esganiçados.

E o volume de jovens com essa atitude também impressiona. Não se trata somente da ALIENAÇÃO propriamente dita. Ainda não sei como analisar esse fenômeno, apenas fazer essa breve comparação: como é possível pessoas com tamanho potencial crítico e de experiência de vida deleitar-se diante de cenário como esse?

O TORNAR-SE HIENA está aí.

Mil perdões às Hienas pela comparação. Elas são melhores que nós.

Saturday, July 21, 2012

EDUCAÇÃO E POLÍTICA: Duas vocações???

Olá a todos...

Como de costume, esse blog que é atualizado de meses em meses vem agora pra expressar um reflexão, haja vista que estou inserido nesse processo de "GREVE DAS FEDERAIS" que não é divulgado ADEQUADAMENTE pela grande mídia (nem esperava mais que isso), mas acredito que vale a pena refletir a respeito de algo que parece que anda INCOMODANDO muita gente, que nos remete a estereótipos acerca do professor e merecem uma manifestação de minha parte.

Adaptei o título do livro de um grande autor da Sociologia, Max Weber (CIÊNCIA E POLÍTICA: DUAS VOCAÇÕES), para elucidar porque nós professores estamos em greve e quais os motivos de adotarmos uma postura mais rígida com relação às "propostas" do governo.

Infelizmente, vivemos em um país em que o professor passou por um processo de PROLETARIZAÇÃO (proletário, segundo Karl Marx é aquele trabalhador da fábrica que foi desprovido de sua identidade e que se tornou apenas mais uma peça da engrenagem do sistema capitalista) em que a função de educar passou a ser um NEG-ÓCIO (negação do ócio, que no sistema capitalista é visto como depreciativo, todos temos que trabalhar e produzir). Nesse sentido, as pessoas estranham que um professor lute por seus direitos, pois tem como OBRIGAÇÃO  educar as crianças nas escolas e os adultos nas universidades e cursos técnicos.

Pior do que isso não é isso ter se tornado lugar comum, mas isso ser absorvido pelo próprio professor, cada dia mais "atolado" de afazeres para sustentar sua família e desprovido de estímulo, vontade e condições ideais de trabalho.

Segundo Weber, O docente (ou cientista) deveria separar sua atividade de suas inclinações políticas,  e ser imparcial. do ponto de vista ético, isso até soa verdadeiro. No entanto, eu gostaria de usar o termo POLÍTICA numa perspectiva muito mais aristotélica, onde cada atividade humana é permeada pela política: RELAÇÕES SOCIAIS SÃO RELAÇÕES POLÍTICAS. E, nesse sentido, o professor é um personagem ATIVO, que deve ter consciência de sua relevância para a sociedade.

GREVE é um mecanismo político, e é justificada pelas condições de trabalho que se precarizam, pelos salários que não são atraentes, pela intransigência do governo. É GERAR INCÔMODO SIM, e mostrar que podemos e ACIMA DE TUDO DEVEMOS nos comprometer com aquilo pelo qual somos responsáveis, que é a QUALIDADE DE NOSSA EDUCAÇÃO.

EDUCAÇÃO  sempre foi minha vocação, disso nunca tive dúvidas, e a POLÍTICA  é necessária. O professor DEVE exercer sua profissão e ter um compromisso com o mundo que o rodeia. A POLÍTICA pode não ser uma vocação, mas é necessária.

Recentemente ouvi de um grupo de professores a seguinte frase: "QUE NÃO SE ALISTE AQUELE QUE NÃO QUER IR À GUERRA". Não sei se o termo "GUERRA" é apropriado, mas auxilia na compreensão dos conflitos que resultam em uma greve como essa. Assim como na guerra, a atuação política envolve outras pessoas, que muitas vezes sofrem, assim como nós que estamos na "frente de batalha". No entanto, acredito também que SÓ CONSEGUE AQUILO QUE QUER AQUELE QUE VAI EM BUSCA.

Nesse sentido, PARABENIZO aqueles que às vezes nem mesmo sabe o que é atuação política MAS TEM CORAGEM de lutar pelo quer, NÃO SOMENTE PARA SEU PRÓPRIO BENEFÍCIO, mas de todos aqueles envolvidos nesse processo: nossos familiares, nossos alunos, nossa sociedade.

É isso.

Friday, January 06, 2012

Dia de Reis e Tolerância

Prezados amigos...

Muito se passou e cá estou eu de volta postando algo que julgasse interessante refletir.

Hoje, dia 06/01, segundo a tradição católica, é comemorado o Dia de Reis. Como diria o grande cantor e "filósofo" Tim Maia: "Estava meio esquecida, mas é o dia da festa de Santo Reis...."

No entanto, não vim até aqui para falar sobre religião, teologia ou nenhum tipo de doutrina. Resolvi aproveitar o ensejo para utilizar a representatividade da data religiosa para falar sobre um assunto importante que é o da TOLERÂNCIA.

Segundo a tradição católica, três Reis teriam vindo de regiões diferentes para adorar o Cristo.

                          
                                                   Adoração dos Magos, Andrea Mantegna, 1495.


A pintura acima, de Andrea Mantegna, do Séc. XV, baseia-se na teoria de São Beda, o venerável, (672-735) que afirmava que os três reis que visitaram o Menino Jesus teriam traços raciais distintos.

Além da análise iconográfica, fica óbvio que não eram judeus, e nem vou me ater à discussão de que eram "magos" realmente ou não.

Apenas quero salientar que poderiamos utilizar-nos dessa passagem peculiar para nos atermos às questões de tolerância: vejamos alguns itens que podem ser levados em conta:

1 - Pessoas de regiões diferentes, convivendo harmoniosamente;

2 - Pessoas de traços fisionômicos diferentes, convivendo hamorniosamente;

3 - Pessoas de religiões diferentes, convivendo harmoniosamente;

Desconsiderando o aspecto teológico dessa passagem, nós poderíamos considerar a importância da tolerância que esse momento representa, e construirmos uma sociedade menos desigual e mais justa.

Parece um chavão, mas não poderia deixar de me valer disso para deixar essa mensagem.

Abraços!!!

Wednesday, September 07, 2011

"INDEPENDÊNCIA OU..." Espere um pouco. É melhor olhar de novo...

Olá Pessoas...

Acordei inspirado para falar da data de hoje, 07/09/2011 - 189 anos de Independência do Brasil. Poderia escrever linhas e linhas a respeito do assunto, mas vou deixar as imagens falarem mais do que as palavras.

Observem a imagem abaixo:


Lindo Quadro não? Se eu perguntasse para qualquer leitor desatento, na data de hoje, qual quadro seria esse, obviamente a resposta seria: "É o quadro do Pedro Américo - Independência ou Morte".

Ledo engano meus caros, isso se trata de um quadro de Ernest Meissionier sobre a vitória de Napoleão na batalha de Friedland em 1807.

Plágio? Coincidência? Não vou ficar aqui levantando bandeiras ou criando polêmicas, mas alertar para um detalhe: a falta de patriotismo do brasileiro, tão duramente criticada por acadêmicos e populares (inclusive esse blogueiro que vos escreve) será gratuita? Não será ela uma manifestação de que a população ao longo de sua história não é tão tola quanto aparenta?

Para mim, a chave está na questão da identificação: um povo que se identifica com os seus, tende a promovê-los.


Apesar de ser um exemplo banal, e que muitos poderiam recorrer ao argumento frankfurtiano da Indústria Cultural, e que eu certamente considero, peguemos as apresentações da Seleção Brasileira em eventos como a Copa do Mundo e comparemos com as manifestações cívicas como a do 7 de setembro: quem vai às ruas percebe a nítida diferença entre a obrigação e o prazer.

Ambos os sinais podem ser fabricados, mas a identificação do povo com seus "símbolos nacionais" fica evidente... seria interessante não subestimarmos tanto o senso comum ou a sabedoria popular....

Abraços a todos!

Thursday, August 18, 2011

Classe Média....

Olá pessoas...

Seguindo minha contribuição com coisas interessantes dentro da difícil arte de observar a sociedade, me lembrei recentemente de um vídeo que costumo usar com certa frequência nas minhas aulas... É a música "classe média", de Max Gonzaga.

A posição da Classe Média é bem interessante do ponto de vista marxista e weberiano. Do ponto de vista marxista, é uma classe social que visa alcançar os padrões da classe dominante, mas que não a é de fato. Está inserida no seu contexto real como classe dominada, mas age e pensa como classe dominante. Pelo viés de Weber, se apresenta com uma conduta tipicamente clássica apontada na sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo", procurando afirmar muito mais uma condição de "Status Social" do que "Classe" propriamente dita.

Segue abaixo o videozinho:


Abraços a todos.

Árife

Friday, July 01, 2011

OLHAR O QUE NÃO SE VÊ

Olá pessoas...

Mais uma demora em postar coisas, mas a vida de professor é um pouco conturbada, principalmente em finais de semestre.

Hoje estive pensando sobre a capacidade humana de "Olhar o que não se vê". Pode parecer um paradoxo, mas é bem simples. Conforme vamos amadurecendo, somos capazes de encontrar diversas nuances em coisas que até então pareciam óbvias, ou seja, que aparentemente não apresentariam nenhuma nuance.

Como sociólogo e professor de filosofia/sociologia, encontro várias definições sobre a incapacidade de podermos atravessar essa "NEBLINA COGNITIVA" que tanto nos impede de irmos "além do óbvio":


Platão: Os sentidos no iludem.



Francis Bacon: Os Ídolos (da caverna, da tribo, do fórum e do teatro).



Marx: A alienação.


Nietzsche: Uma infinidade de fatores, destaco aqui o Cristianismo como um deles.


Weber: A burocracia

Não vou expandir o sem-número de autores que abordam essas questões, até porque para um blog isso seria inviável.

Mas vale lembrar que quanto mais nos surpreendemos e observamos o que nos rodeia, mais essa "neblina" se dissipa e conseguimos nos orientar.

Ver através da neblina é agradável? é bom? São o tipo de pergunta que já abordei nesse Blog. No entanto, quando estamos perdidos, a tendência de sermos "orientados" por alguém existe e é latente. Será que esse "alguém" (ou "algo" ou "alguéns") está bem-intencionado em nos guiar?

Fica a dica.

Abraços a todos!

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Sunday, May 22, 2011

A arte de professar... ser professor! E o profissional?

Olá amigos...

Há certo tempo estive ausente do blog, devido a justamente a situação à qual irei me refrir neste post. Todos sabem que este blog não tem a pretensão de ser extremamente visitado. Não escrevo para os outros, mas para as pessoas que se interessam pelo que eu interesso, e para aquelas quenão se interessam, que vejammeu ponto de vista.

Quem me conhece sabe que amo a minha profissão... Simplesmente não consigo me imaginar fazendo outra coisa nesta vida que não seja estar entre uma lousa e um grupo de pessoas a quem chamamos convenientemente de "alunos" (do latim a-lumni - sem luz). Atualmente atuo em três instituições de ensino (particulares) pois tamanha foi minha desilusão com o sistema educacional público que simplesmente me afastei e procurei outras formas mais viáveis de manter minha renda.

Pago o preço: tenho hoje aproximadamente 600 alunos, que vão desde o 6º ano do Ensino Fundamental, passando por todas as séries do Ensino Médio, e os anos iniciais do Ensino Superior. Não reclamo, pois ganho razoavelmente bem para poder manter minha família.

No entanto amigos, sou uma rara EXCEÇÃO no ambiente da educação. Não posso deixar de me solidarizar com meus colegas de faculdade e de profissão, sem falar em membros da minha família que estão em situação muito delicada devido a diversos fatores, que vale a pena ressaltar e que também vivenciei:

1 - Salário: Um profissional com nível superior, muitas vezes pós graduado, trabalhando com uma jornada de 30 horas de trabalho não chega a sequer 3 salários mínimos.

2 - Segurança: Não precisamos recorrer a casos emblemáticos como o da Escola do Realengo no RJ. Professores são ameaçados, agredidos, humilhados com certa regularidade.

3 - Desvalorização: O profissional da educação hoje é considerado um "coitado", um "pobre diabo" que escolheu uma profissão das mais desvalorizadas.

4 - Condições de trabalho: Não chega a ser regra em SP, mas não é raro ver em diversos estabelecimentos de ensino do Brasil escolas em condições abaixo do que se consideraria "impróprio".

5 - No Estado de SP, o mais "desenvolvido" do Brasil, vou colocar a condição dos professores de Sociologia/Filosofia: 1 aula por ano do Ensino Médio por semana. Em números, isso significa que para um professor que possua jornada completa de trabalho, ele terá nada mais nada menos do que 30 salas de aula, com aproximadamente 40 alunos (ou mais), o que equivale a aproximadamente 1200 alunos, ou seja, 1200 médias no final de bimestre, 1200 faltas a serem lançadas, 1200 conceitos finais.

Falemos agora de perspectivas "menos pessimistas":

Eu tenho uma teoria de que o professor num futuro de médio alongo prazo será "revalorizado", não por boa vontade de nossos dirigentes, mas devido a uma "curva" que imagino da seguinte forma:

Não pensem vocês que tenho uma visão otimista e que tudo ficará bem no final. Não me proponho a prever o futuro. Mas a diminuição de profissionais está ocorrendo vertiginosamente e o Estado será "obrigado" (?) em breve a valorizar tal profissional, pois estes estão se tornando cada vez mais escassos. Matemática Perversa, haja vista a que durante o processo, milhares de profissionais da educação estando migrando para outras áreas por não estarem satisfeitos com a atual situação.

Para concluir, deixo aqui um upload do video da Professora Amanda Gurgel do RN que fez seu desabafo numa plenária da Câmara. Me solidarizo com a colega, mas sinceramente, acredito que terá repercussão somente enquanto a mídia alcançar boas metas de audiência. É necessário luta e vontade política de nossos Dirigentes.


Sem mais, um abraços a todos que me prestigiam e a todos meus colegas professores!